
Pardilhó...a vila que me viu nascer, crescer, tornar-me a pessoa que sou hoje. Vila no concelho de Estarreja onde predomina a pesca e a agricultura. Tem 4175 habitantes e todos eles se conhecem, seja pelo "antónio", pelo "fato roto", ou pelo "filho do primo do germano do canedo d'além". O seu nome surgiu nao se sabe bem de onde mas pensa-se que o lugar ficava perto das ilhotas da ria de Aveiro e daí se dizer que era o lugar "A par dos ilhós", que deu mais tarde lugar a Pardilhó. É uma terra onde predominam as ribeiras com os mais variados tipos de "bateiras" que sao barcos tipicos e onde grande parte dos habitantes sao pescadores, quer a tempo inteiro, quer nos tempos livres. O produto da pesca é essencialmente a enguia, o robalo, a taínha, entre outros. O meu avô, filho de um pescador, com 3 irmãos, inicia-se tambem nas lides da pesca ainda mal caminhava. A minha avó, filha de agricultores, com 7 irmãos, conhece a terra melhor que a palma das mãos. Pessoas com a 4º classe mas para quem a palavra amor não teve muitas dificuldades, e ainda hoje é o assunto que ambos dominam como niguém. 6 Anos de diferença os separam e dois filhos os unem. Quem me dera um dia chegar à idade deles e conservar o amor pelo meu marido como têm conservado o deles, como no primeiro dia! Agora, com 4 netos, onde eu sou a mais velha. Pardilhó viu me nascer, viu me aprender a falar, a caminhar e a crescer. A Fernanda da mercearia quando me vê diz "eu sabia que esta menina ia dar alguma coisa. Com 6 meses a cantar o Avé fazia prever muita coisa. Quase enfermeira, que orgulho para quem te viu nascer", mas diz me isto sempre que a minha avo precisa de 1 Kg de arroz, porque o azeiteiro naquela semana nao passou, ou 1kg de peras porque a tremoceira não trazia! Foi lá que caí tantas vezes, que me magoei, que me levantei. Foi lá que me sujei nas terras, que tomava banho na ria, que ia à pesca com o meu avô. Foi lá que aprendi a plantar, que aprendi a pescar, que aprendi a amar, que aprendi a ser feliz. Foi lá...tenho saudades! Saudades de acordar e sentir o cheiro do orvalho nos terrenos, sentir o cheiro de lama no baixa-mar! Confesso que gostaria de voltar a viver na terra onde podemos andar no meio da rua sem ouvir apitos, onde toda a gente anda de "pasteleira", onde as pessoas se juntam demanha na mercearia da fernanda as 7 da manhã à espera do pão que vem da padaria mais próxima. Mas a vida que quero para mim envolve acessos que esta terra não tem! No entanto, as férias lá têm outro sabor!
A professora Hélia, a que me ensinou a base do que sou hoje. Tem uma adoração por mim e quase chora quando me vê. Sou das poucas alunas que tem nela uma referencia e sempre que a vejo corro para ela como se ainda fosse criança. Ela abraça-me com a ternura de antes. Fala para mim com a sabedoria de antes e eu ouço-a atentamente com a curiosidade de uma menina de 6 anos. Era a melhor, dizia ela quando se encontrava com a minha mae. "Interessada, interventiva, equilibrada, emotiva, um amor de menina e INTELIGENTE!" era como ela me definia à minha mãe. Dizia que eu fazia composições como ninguém, que tinha uma imaginação...talvez a tenha herdado da minha tia Rosa, que é como se chama em Pardilhó, uma "aldeeira". Sou de uma familia conhecida em Pardilhó. Chegar a Pardilhó e perguntar pelo "manel das enguias" é usar as pessoas como GPS de modo a chegar a casa da minha avó. Gente humilde, respeitada, muito religiosa, simpática, sempre pronta a ajudar! É assim que a minha familia é conhecida em pardilhó. Que orgulho! Pardilhó...quando digo esta palavra os meus olhos brilham, o meu coração quer sair do peito, as minhas mãos suam...todo o meu corpo transpira e emite pardilhó! Sempre que posso retiro-me para la. Aliviar o stress, refrescar as ideias, cultivar a inspiração, rearregar baterias...é o que Pardilhó mais me faz! É hoje uma vila, eu conhecia-a aldeia! É minha, toda minha! Sou pardilhoense de gema, clara e casca! Aveiro é apenas o meu distrito e a cidade que me acolheu pelas adversidades da vida mas onde desenvolvi as bases que me deu pardilhó. Vivi lá 10 anos da minha vida. Fiquei muito triste quando tomaram a decisao de me levar para outro lado, ia para o ciclo, eu e as minhas amigas planeavamos o ciclo desde o 1º ano da primária! Foi um desgosto, o meu primeiro desgosto! Mas Deus escreve direito por linhas tortas...e mais nao digo!
Sinto-me orgulhosa por partilhar os meus sentimentos por esta linda terra!
minha querida Tania, ja sentia a tua falta!
ResponderEliminarnao esperaria outra coisa d ti, senao q falasses com tanto amor e orgulho da terra q t viu nascer e da gente q t viu crescer e tornares-t na mulher cheia de vivacidade q és. É como dizes, a partir de um certo momento, as nossas vidas seguem percursos diferentes, seguimos rumos, por vezes, inesperados. Mas, concerteza trazem algo de muito bom por detrás...Vim para aveiro sem o querer propriamnte...e sou uma afortunada pelo q ganhei...amigos, muitos amigos, e muita VIDA...
sabes q partilhas fortemente do meu restrito clube ;)
até eu agora gstava d conhecer pardilhó!! acho q s fosse estagiar pa estarreja tido ido para la! n fui, pode ser q seja ctg...vamos a mercearia da Sr. Fernanda, levamos o pao a tua avo e fazmos um lanche ;)
um abraço de saudades
Minha querida Tânia
ResponderEliminarQuando lia o teu texto pensei num outro que escrevi em Agosto na minha Terra. Fui lá de férias e fiz coisas que já não fazia há tanto tempo. Fiz umas caminhadas a pé por sitios recônditos e belos da minha ilha que muito adoro. Foi como se procurasse banhar-me com os seus cheiros e a sua beleza... Foi lá que fiz este blog porque quis marcar essa minha passagem. Muito importante para mim. Não sei se já foste navegar ao mês de Agosto na Madeira (através do meu blog podes fazê-lo). O texto transcrevi-o para aqui, porque faço gosto que fique no teu blog. Porque és especial e entendes muito bem o que quero dizer: chama-se "Raízes"
"Porque procuramos as nossas raízes?
Porque não as levamos connosco na partida?
Se as deixarmos ficar na Terra onde nascemos como sobreviveremos?
Se aqueles que cuidaram de nós, também, ficaram para trás...
Como fazer para tornar a plantar as nossas raízes?
Porque sinto ainda esta necessidade, mesmo depois de tanto tempo decorrido?
Quiçá porque me falta a seiva adequada às minhas novas raízes...
Quiçá porque não encontro jardineiros que cuidem das minhas raízes...
Quiçá porque procuro algo que nunca encontrarei...
Quiçá no meu actual jardim faltem os sabores e os aromas que me façam sentir em casa...
Porque será que estes ingredientes nos marcam? A mim marcam...
Procuro por eles
Aqueles que me inebriam
Procuro por eles
Aqueles que cuidam das minhas raízes
Procuro por eles
Aqueles que me façam sentir em casa apesar de tão longe
Procuro por eles
Aqueles que tocam o meu coração, as minhas nuvens
Procuro por eles
Aqueles que abram os braços para transmitir-me calor
Porque procuro?
Porque a fé de poder encontrar dá-me forças para continuar...."
Bjs porque és daquelas pessoas que tocam o meu coração
Olá Tania e quem escreve assim mem precisa de mais nada para saber quanto gosta de Pardilhó...
ResponderEliminarSou somente meio Pardilhoeiro mas tenho tambem metade do teu orgulho...
um beijinho Senhora emfermeira, quem sabe um dia ainda me dares uma pica no rabinho...