terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Os meus domingos diferentes...



Aos domingos, não todos, faço algo diferente!

Quase ninguém sabe, não me gabo, não faço questão que mo façam, apenas faço questão de ver o sorriso, o bom dia, a felicidade de uma cara nova na cara dos "meus" utentes. A minha mãe começou por fazê-lo e eu invejava-a. Quando tirei a carta passei a fazê-lo eu quando ela não pode, e mesmo quando pode, cede-me o seu lugar porque sabe o prazer que isto me dá.

Uma das minhas tias-avós trabalha diariamente no apoio domiciliário do centro paroquial de assistência de pardilhó fazendo as suas higienes e distribuindo as suas refeições diárias por, aproximadamente, 20 utentes. Pessoas sozinhas, com familias ausentes, com familias despreocupadas, com familias preocupadas mas muitíssimo ocupadas, precisam de atenção, de ajuda no seu autocuidado, de alguém que prepare as refeições por si, uma vez que já não o podem fazer autonomamente. Por saber que é tao duro não conseguir tratar de nós próprios, pois temporariamente ja soube o que isso era, aquando de um internamento, é que ainda me dá mais gosto ajudar.
A cada 3 domingos é a vez da minha tia fazer o dia de domingo. Com muita pena minha, ao domingo não se fazem higienes, apenas distribuimos a alimentação e dois dedos de conversa com os nossos utentes. É bom servi-los...dizer lhes bom dia, vê-los a ver a missa na tv e ter de andar em bicos de pés para não os desconcentrar nas suas actividades religiosas, deixar a lancheira das refeições, recolher a do dia anterior e acenar-lhes num adeus.
Tenho imensas histórias caricatas que guardo para mim, para me consolar nas horas mais tristes e esboçar um sorriso...pessoas que têm um mundo aparte e nos estimulam a participar nele, vêm coisas que não vemos, mas que imaginamos ver para não os desiludir. Aproveitar as habilidades de outros, e pedir-lhes que nos façam aquilo que melhor sabem e gabá-los naquilo que fazem com muito geito e carinho...
Mesmo antes de tirar a carta e ser esta condutora da carrinha, de ajuda, de carinho e sorrisos, já acompanhava a minha mãe e a minha tia nessa sua actividade fantástica e que torna a vida de muitas pessoas mais agradáveis, mais ricas, mais alimentadas...mais felizes!

Adoro sentir-me útil...
Adoro dedicar-me aos outros...
Adoro sentir uma satisfação no meu próximo...
Adoro ser sensível...
Adoro ser tocável...

Adoro fazer os outros felizes...
E adoro ser feliz assim!
É ou não é uma forma fantástica de se ser feliz, fazendo os outros felizes? Claro que só pode ser!

Ah...relativamente à foto, ainda não tenho nenhuma tirada comigo, esta foi tirada para a apresentação do trabalho final de RVCC (novas oportunidades) da minha mãe. É a minha tia e a minha mãe, num dia em que se simulou uma saída, mas apenas porque nessa semana não ia haver...mas é assim que nos apresentamos...lindas hm? xD

1 comentário:

  1. Olá Tânia
    Todo o trabalho de voluntariado é algo meritório. Pressupõe dar-nos aos outros sem qualquer interesse que não a felicidade de quem ajudamos.... O facto de proporcionar um sorriso, uma comida quente,um banho...etc, ajuda-nos também no desenvolvimento do nosso humanismo e se olharmos para dentro de nós e gostarmos do que vemos, só nos faz mais felizes!
    Se a tua família perpassa esse "gene da ajuda" entre os seus membros, bem haja ela porque nos dias de hoje começa a ser raro. Cada qual fecha-se em, casa...tenho escutado vivências de solidão no decurso do meu trabalho. Tanta gente sózinha! À espera de uma mão que acalente a alma, de um sorriso, de um ouvido que as
    escute. Essa pode ser a melhor herança que a tua família tem para te dar... Saber como fazer os outros felizes com algo de si mesma. Algo que perdure no tempo e encha o coração dos outros. Este tipo de herança pode ser esbanjada que não se gasta, como os bens materiais... Está contigo e é tua, para a poderes partilhar!
    Muito bem e parabéns às mulheres da tua família pelo trabalho em prol dos outros.
    Um beijo muito grande de uma admiradora desconhecida
    CF

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